Livros de fevereiro 2021

book haul fev 21

Fevereiro, mês curto, e compartilhamos, nossos livros (nosso book haul).

Não necessariamente indicações, mas livros que entendemos que merecem estar em nossa biblioteca pessoal.

Sempre me interessei pelo(s) limite(s) entre a loucura e a normalidade.

A obra de Machado de Assis, O Alienista (1882), trata do tema com a irreverência que é peculiar ao autor e dialoga com o conto Enfermaria n. 6 (1892) que está neste livro de Tchekhov.

Os pontos de convergência entre as duas obras são muitos, frutos do acaso, já que Tchekhov não tinha como conhecer o romance do escritor brasileiro, que havia sido publicado 10 anos antes.

Aliás, desconfio que Clóvis Beviláqua não leu O Alienista. Se tivesse lido, não teria tratado os “loucos de todo gênero” como incapazes no Código Civil de 1916…

Bruno fev 21

Na época pré-pandemia (vocês ainda lembram dela?) eu costumava viajar de avião. Em um dos momentos de espera pelo voo, circulando pelo aeroporto de Curitiba, entrei em uma livraria em que os próprios clientes escolhiam os livros, passavam o cartão na máquina ou colocavam o dinheiro na urna, pegavam os livros escolhidos na estante e os levavam. Não havia nenhum funcionário. Os preços eram atrativos demais, apesar de o acervo não ser tão interessante para o meu gosto.

Fuçando bastante, encontrei esse livro. Nunca tinha ouvido falar dele nem do autor, mas o tema me cativa muito. Com um preço tão baixo, uma capa dura tão bonita, mais de 800 páginas, um resumo instigante na contra-capa e um autor com nome de identidade secreta de super-herói americano, não resisti e comprei. Fiquei com medo de ter que gastar em excesso de peso de bagagem o que economizei na compra, mas acabou não precisando.

Desde aquela época, o livro está aqui na minha prateleira, disputando a vez com outros bem menores e que acabavam ganhando preferência pela ansiedade que costumo ter em terminar logo a leitura. Mas agora, acho que chegou a vez dele!

Sula de Toni Morrison. Como comecei o ano com um livro de uma escritora do nobel de literatura e agora fevereiro por coincidência veio outra, tentarei seguir a meta de uma escritora premiada diferente em cada mês até o final de 2021.

Toni Morrison tornou-se a primeira afro-americana a ganhar o prêmio, em 1993, e suas obras, normalmente, tem foco em fortes personagens femininas, o que não é diferente aqui, e conta a história de duas amigas, Nel Wright e Sula Peace em uma pequena cidade de Ohio e como elas escolhem seus papéis na sociedade.

“Nenhum testemunho é suficiente para comprovar um milagre, a menos que o testemunho seja de tal natureza que sua falsidade seria mais milagrosa que o fato que ele procura comprovar.”

Focado em duas personagens, Chieko e a própria cidade de Kyoto.

Ambientado no período pós guerra, uma imersão na cultura e nos costumes de Kyoto, que foi a capital do Japão por mais de mil anos (794-1868) e um retrato das consequências da ocidentalização.

Chieko é filha adotiva de um fabricante de quimonos tradicional em Kyoto, um artista frustrado diante da decadência de sua loja em razão da ocidentalização. Numa viagem Chieko conhece sua irmã gêmea e a narrativa segue com a tentativa de aproximação entre as irmãs, criadas em ambientes socialmente distintos.

Um livro para ser lido com calma, aproveitando cada detalhe das descrições, envolvendo-se nas paisagens e festivais da antiga capital enquanto se acompanha o despertar das emoções de Chieko.

Yasunari Kawabata, foi laureado com o nobel de literatura e sua obra Kyoto inspirou duas versões para o cinema, uma indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1964, do diretor Noboru Nakamura e outra de Kon Ichikawa, de 1980.

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Flor

Flores

Flores, mais flores e também um pau-brasil…

Festim Diabólico (Rope)

Festim diabólico (Rope, 1948) é o meu Hitchcock preferido. É um thriller psicológico de intensos aportes psicanalíticos. Apesar de ser o primeiro filme em technicolor,

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