A última tentação de Cristo (The last temptation of Christ, 1988)

Poster ultima tentacao de cristo original
A paixão humana

O grego Nikos Kazantzákis escreveu A última tentação em 1951 (“Ο τελευταίος πειρασμός”; em alfabeto latino: “O telefteos pirasmos”) e, em função da obra, a Igreja Ortodoxa grega o excomungou em 1955, sendo incluído pela Igreja Católica no Index Librorum Prohibitorum.

Baseado no grego, Martin Scorcese dirigiu The last temptation of Christ (indicado ao Oscar) cercado de muitas críticas, em função de cenas impactantes sobre o lado mais importante, para mim, de Jesus, o seu lado humano.

protesto em LA
Protesto em Los Angeles na estreia do filme

Interpretado vigorosamente por Willem Dafoe, que consegue trazer toda ambivalência, doçura e bravura, angústia e determinação, para um personagem atormentado pela sua missão.

Defoe como Cristo

O filme possui vários paradoxos, ilustrando o caminho a ser percorrido: com o messias seguindo os passos de seu pai terreno, carpinteiro, construindo cruzes para os romanos; Harvey Keitel, um inusitado Judas, instigando Jesus a ser violento e que se torna traidor em obediência a ele; Maria Madalena (Bárbara Hershey) que, justamente, dá sentido ao título do filme, com Jesus cedendo ao seu lado humano e não cumprindo o ciclo de sua paixão divina pela humanidade.

O filme é radical em sua proposta: mostrar as dúvidas que rodeiam nossa busca pelo amor ao próximo.

Sou ateu, não acredito em Deus ou nos milagres de Cristo, mas acredito naquilo que tem de mais importante: a palavra, a ação, o perdoar quem lhe machuca e amar a todas e todos. Sem distinção.

A humanidade que se constrói do amor e não do ódio, dos atos de bondade que se contrapõem aos falsos profetas, discursando em nome do ódio e pregando a violência, explorando a fé das pessoas mais humildes.

Diz Kazantzákis na introdução de seu livro:

“a tentação mais forte que pode ter um homem é a de ser um homem comum”

Um excelente filme para assistir no feriado, provocativo, que nos permite refletir sobre espiritualidade e humanidade.

Feliz Páscoa!!!

Disponível para alugar no Google Play.

Por Marcelo Beckhausen1Marcelo Beckhausen é Procurador Regional da República na PRR4, professor de Direito Constitucional na Unisinos

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