Setembro amarelo – Noite anunciada
Louis Malle é um dos meus diretores preferidos.
Os amantes (1958 – Les amants) e O sopro do coração (Le souffle au cœur, 1980) são obras espetaculares que tratam de temas bem polêmicos. Aliás, tais temas, incesto, liberação feminina, estão presentes na obra do diretor, formado em Ciência Política pela Sorbonne e tendo dirigido o documentário O mundo do silêncio (Le monde du silence, 1958), junto com o pesquisador Jacques Cousteau, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 1956.
O tema controverso da obra Trinta anos esta noite (Le feu follet, 1963) é o suicídio. O personagem Alain (Maurice Ronet), alcoolista, segue uma jornada de desesperança, planejando seu suicídio no dia de seu aniversário de trinta anos.
A trajetória é formada por encontros onde o vazio da vida vai sendo revelado, seja pelo contorno científico que ocorre dentro da clínica de recuperação, pelo discurso espiritualizado de seu amigo de infância Dubourg (Bernard Nöel) ou pelo olhar atentos das mulheres, Eva (Jeanne Moreau) e Lydia (Léna Skerla) com as quais se envolveu.
A celebrada cena silenciosa e angustiante do café, onde retorna ao vício, sintetiza a dificuldade de reencontrar caminhos e um sentido pra existência.
Essa dificuldade é captada pelo espectador que percebe a impossibilidade de alterar o destino de Alain. Premiado em Veneza, o filme é considerado a principal criação de Malle.
Um dos pontos altos é a música de Erik Satie.
Na página da campanha do setembro amarelo, da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina, encontram-se informações para auxiliar às pessoas sobre a prevenção ao suicídio:
Por Marcelo Beckhausen1Marcelo Beckhausen é Procurador Regional da República na PRR4, professor de Direito Constitucional na Unisinos e colaborador do DeC.