Três homens em conflito (Il buono, Il brutto, Il cattivo)
Para quem quiser entender Tarantino recomendo o filme “Três homens em conflito” (Il Buono, il brutto, il cattivo, 1966) , dirigido pelo italiano Sérgio Leone (da obra prima “Once upon a time in America, 1984”) e que é o maior clássico do gênero Spaghetti Western.
Fui rever muito mais pela trilha magistral de Ennio Morricone (The untouchables, 1987, The Mission, 1986, Teorema, 1968), falecido recentemente é que é um dos meus compositores preferidos. A música combina tão bem com o filme que mereceria um comentário à parte.
Eli Wallach está sensacional como o primitivo Tuco, homem de infância pobre, que não tem compromisso com nada, a não ser sobreviver. “Blondie”, Clint Eastwood, foi o personagem pistoleiro que o consagrou nas telonas. Lee van Cleef, “angel’s eyes” perfeito como o vilão.
O enredo é banal, sobre uma disputa por um tesouro escondido em meio à guerra civil norte-americana. Mas mostra, de forma caricatural, os traços de caráter e de personalidade, que podem ser identificados em qualquer um de nós.
A linguagem e a estética foram dignamente apropriadas por Tarantino em toda sua filmografia. Vale a pena rever ou, para os amantes de Tarantino, ver pela primeira vez, para compreender melhor sua obra. Uma dica: a cena do duelo é antológica, reprisada descaradamente em Reservoir dogs, 1992.
Para quem já conhece o filme uma dica é o documentário Sad Hill Unearthed, 2017, disponível na Netflix, em que, entrecortado por peculiaridades das filmagens, mostra como alguns fãs, 50 anos depois da estreia do filme, “desenterraram” o cemitério de Sad Hill, local onde foi gravada a cena final.
Por Marcelo BeckhausenMarcelo Beckhausen é Procurador Regional da República na PRR4, professor de Direito Constitucional na Unisinos e colaborador do DeC.