Era uma vez em Tóquio (Tōkyō Monogatari, 東京物語, 1953) dirigido por Yasujiro Ozu, é um daqueles filmes que impacta pela leveza e impressiona pela simplicidade.
Conta a história de um casal de idosos (Chishu Ryu e Chieko Higashiyama) que vai para Tóquio visitar seus filhos adultos. Estes, muito atarefados e distantes, não lhes dão a atenção devida. Os netos não lhes respeitam.
Quem lhes demonstra muito carinho e interesse é sua nora, Noriko (Setsuko Hara), viúva de outro filho, morto na segunda grande guerra. Noriko também trabalha muito mas encontra tempo para construir preciosos laços.
O filme é delicado, repleto de cenas do cotidiano, registrando um Japão pós-desastre, ocidentalizando-se pouco a pouco, onde o dinheiro vai substituindo diversas tradições.
A heroína Noriko vai nos conduzindo pela necessidade desses laços, afetivos, respeitosos, onde a ausência de alguém querido é algo muito presente e a presença de amigos e familiares deve ser muito valorizada.
Filme que vale a pena celebrar, enquanto enfrentamos, juntos, uma guerra contra a pandemia e contra a ausência de respeito ao próximo.
Disponível no Belas Artes à la carte.
Por Marcelo Beckhausen1Marcelo Beckhausen é Procurador Regional da República na PRR4, professor de Direito Constitucional na Unisinos e colaborador do DeC.