Os intocáveis (The untouchables, 1987)
“Tramuta in lazzi lo spasmo ed il pianto”
Há muito de Hitchcock na cena da morte de Malone (Sean Connery), como em todos os filmes de Brian de Palma. O assassino é seguido pela câmera, que se esgueira pelos quartos e janelas.
Nessa cena, enquanto o policial irlandês e durão agoniza após ser metralhado por gângsters, toca na vitrola a mesma música ouvida por Al Capone (Robert de Niro), “Ridi Pagliaccio”.
O filme é apoteótico, exultando a luta do bem contra o mal. O paladino Elliot Ness (Kevin Costner) luta para garantir que a Lei Seca em Chicago, dominada por bandidos e corruptos, seja respeitada.
Os Intocáveis (The Untouchables, 1987) é perfeito em sua reconstituição da época, fotografia, música (Ennio Morricone, magistral) e enredo que empolgam do início ao fim.
A cena mais famosa, o tiroteio na escadaria, é uma ode do diretor ao filme Encouraçado Potenkim (Bronenosets Potyomkin, 1925) do genial Serguei Eisenstein.
O filme deu o Oscar de melhor ator coadjuvante ao escocês Sean Connery, falecido recentemente e a quem eu presto minha pequena homenagem.
Na cena onde Connery aparece pela primeira vez, encontra o personagem Ness em uma ponte, ele dá uma aula de interpretação e uma lição de como ser policial: “quando seu turno acabar, chegue em casa vivo”.
Sean Connery fica vivo na memória de todos os amantes do cinema (1930/2020).
Por Marcelo BeckhausenMarcelo Beckhausen é Procurador Regional da República na PRR4, professor de Direito Constitucional na Unisinos e colaborador do DeC.