Aproveitando o nosso amor pelos livros resolvemos compartilhar, na última quarta-feira de cada mês, os livros que adquirimos (nosso book haul).
Não são necessariamente indicações, mas livros que, por alguma razão, entendemos que deveriam estar em nossa biblioteca pessoal.
Motivada por uma amiga, resolvi checar na biblioteca de casa quantos livros escritos por mulheres eu tinha. Separei por livros técnicos e romances e fiquei desapontada. Decidi que ia focar em comprar mais obras femininas então.
1) A Vantagem Humana – sempre leio os artigos da nossa queridíssima Suzana Herculano-Houzel, mas nunca tinha lido um livro dela (fiquei com vergonha, ainda mais porque eu amo livro de neurociência). Lerei ainda neste ano.
2) Sobre a beleza, Zadie Smith – tem romance, ten humor, tem política e tem família. Só faltou a guerra!
3) Falso Espelho – em tempos de dilema de redes sociais (quem inventou de tocar no assunto em
tempos de pandemia????), escolhi este livro que aborda diversas questões sobre como nós nos vemos nas redes e como queremos que os outros nos vejam. Além disso, a autora é 11 anos mais nova do que eu e já é escritora da New Yorker, enquanto eu só consegui escrever no meu perfil da famigerada rede social.
Duas coisas despertaram meu interesse por ler este livro.
A primeira é o fato de a autora – jornalista gabaritada e experiente – ter sido vítima de graves e injustas acusações relacionadas à sua atuação profissional, isso por ter feito reportagens de investigação da forma de atuação de grupos aos quais se imputa a disseminação de fake news pelas redes sociais. As acusações estão muito relacionadas à condição de mulher da autora. Fiquei curioso para ver o ponto de vista da vítima nessa história.
A segunda razão pela qual me senti instigado à leitura é a possibilidade de conhecer melhor aquilo que considero uma das maiores mazelas humanas atualmente: o ódio. Tenho convicção de que a alternativa para a salvação da sociedade é o amor. Para que ele prevaleça, nada melhor do que conhecer seu inimigo número um, que é o ódio.
“Brasil – Construtor de Ruínas”, da Eliane Brum, escritora e jornalista do El País, que se autodefine como uma escutadeira que escreve, certamente está entre as maiores e melhores vozes da imprensa atual. A promessa feita de narrar “as transformações de um país que acreditava ter finalmente chegado ao futuro, mas descobriu-se atolado no passado”, ao lançar um olhar sobre os governos do Brasil no século XXI, é cumprida fielmente.
A amizade de duas meninas ao longo dos anos, dessa vez não na Itália de Elena Ferrante, mas na Nigéria de Sefi Atta. ˜Tudo de Bom vai Acontecer˜ é narrado em primeira pessoa, e acompanha a amizade improvável de Enitan e Sheri por um país recém independente e permeado por conflitos políticos, golpes militares e todo tipo de violência, especialmente contra as mulheres.
Em período de contenção de despesas, investi mais nas leituras do Martin, elas todas com uma mágica morfética sobre o piá e em mim.
A única aquisição ao meu tsundoku foi uma apropriação junto à biblioteca do meu irmão, que renunciou ao papel em prol do e-ink. Ainda que física não seja meu primeiro interesse, quando vi que o coautor era o Mlodinov, que consegue transformar ideias áridas em boas histórias, não resisti e passei a mão no livro.
Peresépolis, de Marjane Satrapi
Uma leitura diferente, literatura em quadrinhos! Livro da iraniana Marjane Satrapi, que também é artista gráfica, que ilustra a revolução islâmica, as alterações culturais decorrentes e o impacto na vida de todos. Fala de identidade, de conflito identitário, de cultura, de liberdade, do papel da mulher na sociedade Confesso que quando pensei em ler “história em quadrinhos” imaginei que não teria a profundidade que o livro tem. Talvez a profundidade venha exatamente da forma de apresentação da história, em quadrinhos, o apelo visual nos leva longe em nossos pensamentos…Vale muito a leitura!
Infiel, de Ayaan Hirsi Ali
A biografia de uma mulher muçulmana nascida na Somália que se tornou parlamentar na Holanda e foi considerada uma das cem pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time. A biografia por si só é rica e inspiradora, além disso o livro traz importantes reflexões sobre cultura, tradição e imigração, em especial sobre o respeito, impactos e limites quando a tradição cultural importa em práticas muitas vezes rechaçadas pelo país que acolhe o imigrante.